por Luiz de Barros


sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

A Lista da Vida

Faz parte da Vida
trazer na lembrança
amigos velhos e amados,
que há mais de dez anos,
não temos encontrado
e ao recordar cada sonho,
um dia, sonhado,
revemos nossa lista
de amigos conservados.

Faz parte da Vida
temer pelo fim
e por cada dissabor
um suspiro foi dado,
mas cada um dos soluços
um dia abortados,
tornaram-se sorrisos,
por não termos parado
a procura por amigos,
novos e ousados.

Faz parte da Vida
temer o indecifrado
e mais próximo ao fim
tornamo-nos mensurados,
questionando a tudo
e o que não foi compensado,
mas são os amigos,
entre os entes chegados,
que nos permeiam em vida
os momentos amados,
até o último suspiro
num dia, fadado.


© 2011 Luiz Alfredo Carvalho de Barros
Poema publicado no OverMundo em 17/02/2012

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O Meu Carro de Boi...

No meio da estrada o carro se ia
e o pó levantava que de longe se via.
O par de bois, forte, da raça Junqueira,
puxava o estrado da prancha, pesado.
O Carreiro lidava, servindo de guia,
andando na frente e o grito se ouvia:
“Estrela, danado... Anda Malhado!”.
Cada boi se firmava na canga com força
pra romper o picoto da curva da estrada...

No roçado de milho a safra colhia
e na fartura de grãos o balaio enchia,
mas na mão de menino os calos eu via.
Com esforço da lida a sede chegava
e na prancha do carro com a carga aprumada,
ligeiro eu pulava e pra cima subia.
Na volta pra casa de novo se ouvia
o grito já rouco servindo de guia,
tocando a frente ao riacho rumavam
os bois já com sede, com a pressa puxavam
o carro pesado que pela trilha descia.
A comitiva cansada na trilha seguia,
depois de um tempo o riacho se via
e no vau finalmente a gente rompia.
Com a água tão clara a sede matava,
sentindo no peito uma graça alcançada
e depois do regalo findando o descanso,
pela trilha de novo a gente se ia...
No carro de boi sentado e cansado
eu olhava o horizonte e a alegria sentia.

Desses dias infantes eu lembro saudoso
do som da pisada no meio na estrada,
do suor do Malhado e do chifre envergado,
do pelo estampado e luzido do Estrela,
com olho fechado do esforço danado
ao longo da estrada que o bicho fazia,
levando a carga que tanto valia.
Dos muitos cantões que ia e se vinha,
ouvia o lamento no meio do nada
que sem sofrimento a roda fazia...
Era um canto velado, sempre aguçado,
da roda azeitada no som que trazia
a carga pesada, pro sustento do dia.
© 2011 Luiz Alfredo Carvalho de Barros
Poema publicado no OverMundo em 23/03/2011

terça-feira, 18 de maio de 2010

Meus Rincões...


"Mato Dentro, Morro do Feio,
Grota Funda, Caminho do Meio.
Ponta Alta em Aventureiro, 
Santo Inácio e o Vau do Barreiro.

Sumidouro, Laranjeiras, Cruz das Almas e Iposeiras,
Volta Grande das Ingazeiras...
Gruta Santa das Cachoeiras, Santa Marta, Cajazeiras,
Rio Vermelho, Retiro Pequeno, Cacho Verde, 
Vale do Cheiro, Santo Antonio, São Nicolau,
João Menelau, Pedra de Cima e Alto Curral.
Madre Joana e Padre Rufino, 
Derrubada do Cabo, São Leontino, Catas Altas, Velho Menino, Queima Sangue do Barreirinho,
Sempre Sobe, Espirro do Bode, Cedofeita e Curva da Seda...".   
Quem dera de novo eu pudesse ver! 
Cavalgando por entre lugares distantes... rompendo serras, vadeando rios, chegando alegre em cada rossio... 
Andar na terra, pisando o chão... rever nessa vida, cada um desses cantos e toda essa gente de cada rincão.









































© 2009 Luiz Alfredo Carvalho de Barros
Poema publicado no OverMundo em 16/02/2011